segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

AO MEU CARO ZÉ NINGUÉM (PARTE I)


Seis e trinta. Já?! Lá vou eu tomar banho e troca de roupa. O interessante é que a água está fria.  O dinheiro acabou antes de terminar o mês, assim, não tem como pagar a conta de energia, nem gás, nem nada. Um salário pouco e uma pessoa desordenada. Queres uma dupla mais perfeita do que essa para eu ficar sem café da manhã? Bom, deixa-me ajeitar as minhas coisas que eu faço melhor, não é você, caro leitor, que vai me sustentar, então, desculpa a indelicadeza, mas eu tenho mais o que fazer na vida medíocre que eu possuo. Aqui estou eu a falar, só pensado que vou escutar as respostas que almejo como se fosse um eco dos céus. Que piada, não? Todavia, como eu, sinceramente, estou ocioso e entediado com o passar das horas dessa minha existência vazia. Vamos nessa.
Desculpa aí a arrogância de não me apresentar, é por que fica complicado falar de alguém que não conhecemos, simplesmente vemos essa pessoa passar por nossa rua todos os dias, mas somente sabemos o nome dela. É dessa forma que me sinto. Um nada. Sou estranho a mim mesmo. Façamos assim, meu nome é Zé ninguém. Desta forma ficamos bem. Se me perguntares a minha religião, todos estranharão, quem é que sabe?! Bom, podemos dizer que eu prego o amor, não sei a quem, mas fica bonito de se dizer e minimiza as críticas dos sensacionalistas dos meus vizinhos. Eu sou um cara complicado de se desvendar, nem eu consigo me entender. Trabalho num emprego chato, mas dá dinheiro; e os meus pais me obrigaram a fazer esse curso infeliz, na realidade nada me liga a ele. Eu sou do contra. Amigos nunca tive, pois sempre aparecia cada estúpido interesseiro.Se amei? Podemos dizer que sim. Mas preferia não conhecer tal sentimento, ele me tornou nisso.

CONTINUA...

(NÁDIA PINHO) 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

FOI


O sonho do menino
Que na rua está
É catar vento
E chutar os lamentos.

A bola gira
Feito um pião
E a roda gigante
Longe do chão

São tantas cicatrizes
Todas o tempo há de curar
E as bolhas de sabão flutuam no ar
Soprando os desejos pro espaço.

Foi infância
Agora é apenas hoje,
Um momento ardente
E curto.

(NÁDIA PINHO)

O AMOR ME INUNDOU


O amor me inundou;
Jogou-me numa correnteza de paixões,
Atirou-me no abismo da loucura,
Vendou meus olhos para a razão.

E as horas passam,
E os dias voam,
E a lágrima cai,
E você não volta.

Teu cheiro sumiu,
Teu toque esfriou,
Teus lábios secaram,
Teu amor acabou.

Cá estou,
Sem o teu amor.
A procura de lembranças
Esfareladas pela dor.

(NÁDIA PINHO)




terça-feira, 4 de dezembro de 2012

FÉ VAGA

Delicio-me com muito café,
Mas me falta fé,
Pois a crença que eu preciso
Deixou-me sem siso.

Mergulho no meu universo
E espanto-me com o que encontro;
Uma interrogação existencial

Escuto sussurros,
Vozes estranhas,
Todavia,
Passivas.

“Força,
Foco,

Tu não vês?”

Eu escutei espantada,
Mas não entendi nada.
Será que enlouqueci
Ou apenas não senti?

E continuo a dizer...
“- cadê o café?
Tira a fé e traz cá.”

(NÁDIA M.S.PINHO)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

SOMBRA DE SAUDADE

´
As pessoas passam por nossa vida
E traçam um novo caminho
Que simplesmente seguimos
Sem nem cogitar o porquê.

Nos construímos a partir do outro,
Criamos novas estradas no destino,
Pulamos abismos
Segurando a mão de outrem.

Mas e quando o outro se vai?
Deixa uma pincelada de vida
E uma sombra de saudade. 

(NÁDIA M. S. P.) 



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O FLUIR DA EXISTÊNCIA

 

A cada despedida
O sabor de adeus
E o medo de se perder
Num quarto escuro.
 
Quando os olhos se desencontraram,
Já não se avistava a tua sombra
E o que restou 
Foi uma grande distancia entre nós.
 
As tardes tornaram-se longas,
O entardecer ficou silencioso,
O inverno chegou,
E as flores mortas no meu jardim.
 
Balanço-me na rede,
Tomo meu café,
Escuto música,
E leio poesia.
 
A azia corroi minhas ideias,
Engulo poemas
Que não consigo digerir
Por falta de lirismo.
 
Só uma rima
Confusa,
Desarmônica,
E incoesa.
Como podes então me ler?
 
Transito pela inconsciência,
Não busco o aparente,
E sem querer
De repente
Não sei quem sou.
 
Busca perfeição?
Estás a perder tempo.
Os anos morrem num instante
E a cada momento
Tu deixas de existir.
 
Então,
Esqueça as superficialidades
E viva o fluir dos segundos

(NÁDIA M.S.P.)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

VELOCIDADE


Velocidade,
Voracidade,
Ferocidade,
Ventania...
Há zero vida.

Na cidade
A vaidade
E a agonia
Apressou a tua ida,
Jovem e repentina.

Não se move,
Não respira.
Já está opaca.


(NÁDIA M.S.P.)